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NÃO GOSTO DO QUE ESCREVO - Parte I



     Há pessoas que não conseguem ficar satisfeitas com seus textos. Sempre acham algum defeito e começam a reclamar da letra, da pontuação, da acentuação, das ideias, dos exemplos, dos parágrafos, enfim, parece que tudo está errado. Geralmente, as “vítimas” desse “mal” costumam também, entre outras coisas, duvidar da própria inteligência, acreditando que os "outros" são mais capazes de escrever boas redações.
     Duvidar da própria capacidade para redigir algo interessante pode estar diretamente ligado a uma “baixa autoestima”. Sendo assim, acreditar que só os outros são capazes de produzir bons textos vem a ser o resultado de uma avaliação negativa que a pessoa faz de si mesma.
     Grande parte das sugestões viáveis para enfrentar esse “déficit” da autoestima passa pela “trilha” da necessidade de se desenvolver novos hábitos que possam permitir a reconstrução da autoimagem, substituindo o que eu chamo de “modelos negativos” por outros, “positivos”. Neste caso, estes "modelos" precisam ser compreendidos como descrições de alguns aspectos comportamentais que precisam ser seguidos (por isso são positivos) ou evitados (por isso, negativos). O que isso quer dizer, afinal? Ora, os modelos negativos se baseiam em coisas como:

  • Apegarmo-nos a palavras e pensamentos autodepreciativos: burro(a), desastrado(a), etc.;
  • Colocar os nossos objetivos e opiniões em segundo plano para agradarmos a outros;
  • Esperar que outras pessoas decidam o que é melhor para nós;
  • Tentar copiar a “personalidade” de alguém que admiramos (isso é frustrante).
     Comportamentos semelhantes aos descritos acima são responsáveis pela sensação de fracasso que tem assolado “milhões” de pessoas no Brasil e em todo o globo terrestre, atrapalhando o desenvolvimento humano em todos os sentidos. Dessa forma, a insatisfação diante da produção textual é apenas mais uma consequência de tudo isso.
     Ainda bem que é possível combatermos toda essa “negatividade” por meio da utilização prática de alguns “modelos positivos” que podem ocasionar uma mudança de comportamento capaz de promover uma verdadeira “injeção de ânimo” na nossa autoestima. Dentre esses modelos, destacamos os seguintes:

  • Precisamos compreender que, em algum momento, qualquer um indivíduo pode cometer erros, equívocos, etc;
  • Se queremos fazer os outros felizes, então, devemos compreender que será muito difícil realizar esse desejo sem antes nos sentirmos felizes com nós mesmos. Portanto, é de suma importância cuidar prioritariamente da nossa autorrealização, fortalecendo-nos, a fim de termos algo realmente concreto para compartilhar com os outros;
  • Nunca é tarde para nos conscientizarmos de que cada um de nós somos, individualmente, a pessoa humana que pode ser capaz de conhecer melhor e mais intimamente o que queremos e o que seremos. Todavia, para alcançar esse nível não temos que ficar fechados às opiniões dos outros, mas apenas analisá-las conforme os nossos alvos e perspectivas pessoais;
  • Cada um de nós é um ser único neste mundo e, se já não estamos mais vivendo a fase da infância, então, não vai adiantar muito tentarmos ser exatamente iguais a alguém que admiramos, pois só vamos aumentar o nosso sofrimento. Não precisamos nos tornar “pessoas artificiais” para sermos aceitos num grupo, precisamos é de uma “descarga” de esforço próprio para desvendar o potencial infinito que está escondido dentro de nós.

     Temos que encarar o que nos tornamos. Se não estamos satisfeitos, precisamos aprender a enxergar que atitudes estão trazendo consequências que nos prejudicam e evitá-las, substituindo-as por outras que nos ajudem a fortalecer a autoconfiança. Isso não é fácil, mas deve ser o alvo de quem pretende mudar. Dessa forma, é importante, dentre outras coisas, evitar autocríticas quanto a nossa própria aparência física ou falta de popularidade.
     Acredito completamente que qualquer indivíduo disposto a melhorar suas habilidades de comunicação e expressão por meio da produção textual pode, com algum esforço, superar as “barreiras inibidoras” que o impedem de sentir prazer nas suas redações. Portanto, seguindo modelos positivos é possível desenvolver habilidades redacionais dignas e capazes de trazer satisfação e “orgulho” para quem se expressa por meio da escrita.
     De hoje em diante, você que leu este texto e se identificou com algum aspecto ou enfoque apresentado, ou apenas conhece alguém que se comporta com clara insatisfação diante dos textos que escreve, ou mesmo se essa questão atinge outras áreas da sua vida, aproveite para refletir sobre tudo isso e compreender que todos nós estamos num processo constante de transformação do que somos e/ou ainda haveremos de ser.
(AGUARDE A CONTINUAÇÃO E CONCLUSÃO DESTE TEXTO EM MAIS DOIS ARTIGOS QUE AINDA SERÃO POSTADOS EM BREVE) 

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Comentários

  1. Primeiro, eu venho aqui lhe parabenizar pelo texto.Mas, antecipo-me escrevendo que a mim, não causa nenhuma surpresa.Entendemos que a qualificação de quem escreve, passa por uma leitura qualitativa,seletiva de autores, que o fazem leve e com civilidade. Seria o que hoje, alguns chamam de " chic".Devido alguns ter preguiça de LER,escrevem de maneira sofrível.entendo também, que não devemos confindi modelo, com pieguice,sabes disso melhor que eu, sois sociólogo. E os Sociólogos, teem o seu mundo encantado, sem as redomas do limite, para o conhecimento ( rsrsrs ).Mas, estou aqui mesmo, para mais uma vez renovar o meu sentimento de respeito e apreço, por este Espaço. Fique com DEUS.

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  2. Olá, amigo José Maria. Entendo o que você quer dizer. Entretanto, sinto muito que você conheça algum "sociólogo" que viva num "mundo encantado", acreditando que não existam "limites" para o conhecimento. Aliás, os tais "limites", que "gravitam" no campo do "desconhecido", são uma "adrenalina" a mais para o ato de "fazer ciência". Sendo assim, sempre que um desses "limites" é ultrapassado, surge a oportunidade para a criação de novas "teorias" que se esbarrarão com novos "limites" impostos pela dinamicidade do conhecimento que nunca para de "mover-se" nos "ilimitáveis" mistérios do mundo em que vivemos e do universo que nos rodeia.
    O texto intitulado "Não gosto do que escrevo - parte I" não pretende seguir uma linha de interpretação sociológica, mas sim uma tendência de análise mista de conhecimentos flexibizáveis.
    Ler é fundamental; uma leitura sistemática e seletiva é melhor ainda; fazer tudo isso com civilidade é honroso, porém, há momentos em que nada disso vale alguma coisa. Infelizmente, há pessoas que vivem a angústia do que exponho no texto.
    Desse modo, julgar a dificuldade de alguém com a produção de textos, pelo argumento da "preguiça de LER", pode esconder uma perigosa "crença" na eficácia da formação "conteudista" e no "poder" infalível do ensino linear. isto sim é uma limitação cruel, e que tem sido responsável pela existência de indivíduos que padecem (muitas vezes em segredo) as dores e dilemas de "sentir" que não conseguem escrever algo que lhes dê "prazer".
    A aparente "pieguice" dos "modelos" propostos no texto não estão lá por um acaso, mas seguem um princípio segundo o qual exagera-se um assunto para que, com o tempo, sejam "aparados" os excessos, a fim de se chegar a uma explicação o mais coerente possível. Assim, optei por essa "técnica" porque nesta primeira parte do texto estou tratando de questões que envolvem o lado "emocional" das pessoas.
    Obviamente, minhas palavras não são definitivas, nem estão acima de qualquer outra análise crítica.
    Já venho trabalhando há mais de seis anos com pessoas que apresentam dificuldades na hora de expressar ideias num texto, e percebo que ainda há muita coisa para ser dita a respeito deste tema, e estão acima de opiniões "fechadas" e "exclusivistas".
    As concepções que apresento no texto são de caráter experimental e de exercício da livre expressão intelectual.
    Obrigado pelos seus comentários, pois são muito interessantes e de grande utilidade para mim. Aguarde a continuidade deste "artigo" e continue expressando suas idéias.
    Um grande abraço.
    Deus te guarde!

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  3. Olá, Milton! Seha benvindo ao Significantes!
    Seguindo-te aqui.

    Nunca gosto do que escrevo, mas me contento momentaneamente. E é ´do não gostar que partem novos textos.

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